TO- Teatro do Oprimido


O nascimento

De retorno ao Brasil, exercendo as funções de dramaturgo e diretor teatral, Boal é um dos primeiros a pôr em prática um projeto de popularização do teatro brasileiro e nesse projeto é que nasce o Teatro do Oprimido. O Teatro do Oprimido nasceu no Brasil e desenvolveu no período em que Boal esteve exilado durante a Ditadura Militar em resposta a uma situação política concreta - a situação do oprimido - e na tentativa de popularização teatro para que ele chegasse ao povo. (BEZERRA, 2009)

O Teatro do Oprimido

O Teatro do Oprimido (TO) é uma metodologia criada por Augusto Boal nos anos de 1960, que pretende usar o teatro como ferramenta para a transformação social. É um conjunto de exercícios, de jogos e de técnicas especiais que ajudam qualquer pessoa - independentemente de idade, profissão, religião- a perceber que quer eles queiram ou não eles "são teatro." E pelo fato de eles "serem teatro" seria melhor, então usar bem esta linguagem que usamos independentemente de nossa vontade - querendo ou não. Por isso, o teatro do oprimido é um método pra desenvolver qualquer pessoa; dessa forma ele pode ser utilizado no mundo inteiro. Então usando a linguagem teatral - que é muito poderosa, pois ela é soma todas as linguagens e cria a possibilidade de nos observar: na representação do real pode-se estudar e sendo teatro podemos inventar o futuro em vez de esperar por ele, dessa forma podemos criar e realizar o melhor possível. (BOAL, 2005)

E porque o teatro deveria ser usado como ferramenta para transformação social?

O teatro naturalmente era livre e acontecia em um espaço em que todos podiam participar e então veio a aristocracia e estabeleceu as divisões: algumas pessoas poderiam ir para palco e só elas poderiam representar, enquanto todas as outras pessoas permaneciam sentadas, passivas e receptivas: a massa, o povo. Dessa forma, para que o espetáculo pudesse refletir eficientemente a ideologia dominante, a aristocracia estabeleceu ainda mais outra uma divisão: alguns atores seriam protagonistas (aristocracia ) e os demais seriam o coro (o povo) simbolizando a massa. (BOAL, 1988)

A burguesia mais tarde teria transformado esses protagonistas: deixaram de ser a reprodução de valores morais e passaram a ser sujeitos dotados de individualidade, indivíduos excepcionais, mas também afastados do povo - os "novos aristocratas". Assim, para Boal, seria necessária a destruição destas barreiras criadas pelas classes dominantes que se encontram no teatro: primeiramente destruindo a barreira entre atores e espectadores e então, depois, a barreira entre os protagonistas e o Coro. E dessa forma funciona o Sistema Coringa - tem-se então a Poética do Oprimido: a conquista dos meios de produção teatral. (BOAL, 1988)

A conquista dos meios de produção teatral

Partindo do princípio que a linguagem teatral é a linguagem humana utilizada pelos indivíduos, no seu quotidiano e de que todos podem desenvolvê-la e fazer teatro, ao recuperar os meios de produção teatral para as pessoas e o acesso às camadas sociais menos favorecidas, torna-se possível outro modo de analisar a exploração de situações de opressão, dando-se valor à capacidade criadora e criativa das pessoas, em particular dos oprimidos. A finalidade é a conscientização social e a transformação da realidade - o teatro funciona como um veículo para a organização e para o debate dos problemas e situações cotidianas, empoderando os sujeitos/atores sociais na defesa dos seus direitos e incentivando a sua participação política. (CRUZ, 2017)

No que se baseia

Atualmente presente em mais de 70 países espalhados pelos cinco continentes, o Teatro do Oprimido (TO) é uma metodologia de trabalho político, social e artístico baseado na idéia que todo mundo é teatro, todos os seres humanos são atores, mesmo que não façam teatro. O ser humano carrega em si o ator e o expectador porque age e observa, e o também escritor, o figurinista e o diretor da própria peça, ou seja, da própria vida, pois escolhe como agir, o que vestir em cada ocasião e como se comportar. (CRUZ,2017)

Desse modo todos nós somos teatro, mesmo que não façamos teatro. Uma coisa é fazer teatro outra é ser teatro. Fazer teatro é aprender um ofício: aprender sobre voz, corpo, encenação, atuação e então dominar a técnica. Ser teatro é ser humano: é carregar em si o ator e o espectador de si mesmo ao mesmo tempo e, dessa forma, sermos atores privilegiados, pois ao mesmo tempo em que somos atores, também somos dramaturgos visto que estamos compondo a nossa própria história.

Cada um de nós é, portanto, tudo que existe dentro do teatro. A linguagem que utilizamos é a mesma que o ator usa no palco, porém ele tem consciência que esta usando desta linguagem e nós na vida cotidiana não temos.

O objetivo

O Teatro do Oprimido, de acordo com o próprio Boal, pretende transformar o espectador, com o recurso da quarta parede, em sujeito atuante, transformador da ação que lhe é apresentada, de forma que ele mesmo, espectador, passe a protagonista e transformador da ação dramática. A idéia central é que o espectador ensaie a sua própria transformação, desta forma conscientizando-se da sua autonomia diante dos fatos cotidianos, indo em direção a sua real liberdade de ação, sendo todos "espect-atores", ou seja, atores e espectadores da ação dramática e da própria vida. (CRUZ, 2017)

Mas porque o teatro deveria se tornar acessivel?

Sendo o teatro uma arma poderosa e eficiente para transformar realidade e sendo toda atividade humana política, o teatro seria um dos instrumentos poderoso para promover a mudança política tanto em nível individual quanto coletivo. O teatro funcionaria para Boal como um espelho, mas não um espelho qualquer - uma espécie de Espelho mágico onde poderíamos adentrar e modificar nossa imagem.

A linguagem teatral é a linguagem humana por excelência, segundo Boal. E a maior prova disso é o modo como as crianças aprendem a viver no mundo. Após isso a repressão cria a idéia de que isso é brincadeira de criança e começa a levar a vida a sério deixando esse instrumento tão valioso que é o teatro, a capacidade de inventar e transforma a invenção numa realidade, pois a criança não diferencia a criação da realidade, pois a criação é real. Por isso a necessidade de se utilizar dessa ferramenta riquíssima como dispositivo para incitar à reflexão de eixos como: política, ética, relações, arte, expressão, entre os levantamentos que as provocações desses encontros possam fazer emergir. (BOAL,2009)

A metodologia

Através da prática de jogos, exercícios e técnicas teatrais, procura estimular a discussão e a problematização de questões do cotidiano, fornecendo uma maior reflexão das relações de poder, através da exploração de histórias entre opressores e oprimidos. Os jogos propostos procuram desmecanizar o corpo e mente dos praticantes, alienados em tarefas repetitivas, e possuem regras como na sociedade, mas necessitam de liberdade criativa para que o jogo, ou a vida, não se transforme em obediência servil. São diálogos sensoriais que exigem criatividade e ajudam a desenvolver em pessoas de qualquer idade e profissão o sentido de humanidade criando possibilidades de observarem a si próprios. (BOAL, 2005)


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